O presidente da Apliquim Brasil Recicle, Mário Sebben, fez um alerta sobre a questão da contaminação no Brasil no último dia 24/04 durante o "Seminário sobre Mercúrio", promovido pelo Ministério do Meio Ambiente, em cooperação com as agências suecas de controle de produtos químicos (KemI) e de proteção ambiental (Swedish EPA) e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). O evento, que durante dois dias reuniu especialistas nacionais e estrangeiros do assunto, teve como principal destaque o estudo de caso da Suécia, que desde 1960 monitoram a presença do mercúrio no ambiente. Ao abrir sua palestra no encontro, e comparando o Brasil à Suécia, Sebben declarou sentir-se "um dinossauro, pois o que o nosso país faz hoje quando o assunto é mercúrio não se compara nem mesmo ao que a Suécia já fazia no distante
1960".
"O poder público, e a sociedade brasileira, ainda não se conscientizaram do tamanho do problema que temos pela frente", alertou Sebben. "Hoje consumimos 300 milhões de lâmpadas fluorescentes com mercúrio por ano e reciclamos apenas 16 milhões. E destes, somente a metade (8 milhões) é corretamente tratada, descontaminada e reciclada. Esó estamos falando do problema do mercúrio nas lâmpadas", completou. Segundo o presidente da ABR, este processo acontece por desconhecimento dos agentes públicos - em um cenário onde o governo federal transferiu a responsabilidade do assunto para os Estados, e estes muitas vezes para os municípios, "que estão em toda a cadeia despreparados e sem encarar o tema como uma prioridade".
Sebben ressaltou que suas declarações não são uma denúncia, e sim um alerta para o fato de que o Brasil terá muitas dificuldades para honrar a Convenção de Minamata: "não temos estrutura suficiente para isso, vide nosso próprio Plano
Nacional de Resíduos Sólidos, lançado há quatro anos e ainda não cumprido". Sua sugestão concreta para o tema envolve a criação de um "Termo de Referência Nacional" para tratamento e descontaminação de lâmpadas, estabelecendo regras únicas para a lida com o produto.
Com ações desenvolvidas há mais de 40 anos para o controle das emissões de mercúrio no ambiente, a Suécia regulou as atividades de cloro-soda, fertilizantes e metalurgia e trabalhou para sensibilizar a sociedade civil sobre o tema. O atual grau de sofisticação dos suecos para lidar com o tema permite que o país afirme, hoje, que 86% do mercúrio detectado no país vem do exterior. É por conta disso que a delegação da Suécia presente no evento concordou com o presidente da Apliquim Brasil Recicle de que o primeiro passo para (re)começar a gestão do mercúrio no ambiente brasileiro passa por uma norma unificadora, com orientação e controle.
centralizados.