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Segunda-feira, 15 de Fevereiro de 2016
“Cada dentista brasileiro remove pelo menos uma ou duas restaurações todos os dias. Hoje, são 200 mil dentistas trabalhando no país, ou seja, são quase 500 gramas de amálgama dentário descartado por ano, por dentista. Ao final de cada ano, estimamos que 100 toneladas amálgama dentário sejam descartadas incorretamente no país”, alerta Cláudio Pinheiro Fernandes, professor da Universidade Federal Fluminense de Nova Friburgo, membro do Núcleo de Odontologia Sustentável da UFF e idealizador e palestrante do II Simpósio Brasileiro de Odontologia Sustentável, realizado na última semana de janeiro (28.01) no Centro de Convenções Expo Center Norte (José Bernardo Pinto, 333 – Vila Guilherme – São Paulo). O evento reuniu representantes da ANVISA, do Ministério da Saúde, de Associações de Classe e Conselhos Reguladores da Profissão da Federação Dentária Internacional (FDI), da Acadmey of Dentistry International (ADI) e Ministério do Meio Ambiente.
Fernandes explica que o amálgama dentário é uma composição de prata e mercúrio que, ao ser instalada no corpo humano, não representa risco para a saúde (embora haja uma pequena liberação do material durante a mastigação). Porém, o grande problema está na remoção do material e no seu descarte quando as pessoas vão ao dentista. Conforme o especialista, como as restaurações precisam ser trocadas de tempos em tempos e, muitas delas vêm sendo substituídas por resinas brancas, ainda teremos muito deste material sendo manipulado e retirado do corpo humano nos próximos 50 anos no Brasil.“Quando o paciente tem nova cárie e aquele fragmento precisa ser removido, é preciso realizar a remoção com o motor usado pelo dentista que descasca a restauração transformando-a em pó (resíduo que contém mercúrio). Esse resíduo que é tóxico desce pelo esgoto misturado na água, sem qualquer tipo de tratamento, oferecendo risco de contaminação”, explica o perito.
De acordo com ele são bilhões de restaurações sendo retiradas e descartadas sem passar por qualquer filtro ou tratamento a cada momento no país. “Cada pessoa adulta no Brasil tem em média cinco ou seis restaurações dessas. Se a partir de hoje ninguém mais no Brasil instalasse nenhuma amálgama, ainda teríamos uma previsão de cinco décadas de descarte de resíduos dentários que precisariam ser removidos”, alerta. Entretanto, não há previsão de que o material deixe de ser utilizado tão cedo por aqui. O uso do amálgama dentário não sofre nenhuma restrição no Brasil. Pelo contrário, é o mais indicado na rede pública de saúde por oferecer durabilidade, resistência e baixo custo.
Brasileiros não têm acesso à tecnologia
O professor Cláudio Pinheiro Fernandes refere-se a exemplos como o da Suécia que não usa mais o amálgama dentário como opção para restauração dentária desde 1995. Ali, faz-se uso de outros materiais como resina e cerâmica para a restauração dentária. Além disso, os profissionais do segmento também têm absorvido, na prática da profissão, o uso de filtros instalados dentro dos consultórios para coletar resíduos tóxicos. “O país usa separadores de amálgama há 40 anos. As tecnologias para proporcionar o uso e descarte ecologicamente correto deste material existem e já são utilizadas em outros lugares do mundo. No Brasil porém, não temos amplo conhecimento sobre o assunto, nem opções deste tipo de maquinário disponíveis no mercado. Quer dizer, essa tecnologia existe há muito tempo, mas não nos alcança”, afirma o especialista, criticando o fato da falta de opção sofrida pelo profissional brasileiro deste segmento.
Ele aponta que os filtros para recolher resíduos mercuriais deveriam ser instalados em todos os consultórios brasileiros. “O resíduo descartado de forma incorreta vai para a rede de esgoto, o que gera outro problema sério já que essa lama residual das estações de tratamento de água vai ser usada no futuro como adubo ou como combustível. Ou seja, onde esse mercúrio vai parar? Na comida ou no ar, solo e água novamente”, lamenta o Doutor.
A Apliquim Brasil Recicle patrocinou o II Simpósio de Odontologia Sustentável. A empresa é reconhecida hoje como referência no Brasil em tratamento de resíduos mercuriais, inclusive amálgamas dentárias. Durante o Simpósio foi ratificado o Tratado de Minamata, bem como desenvolvida uma Agenda de Ações que permearão eventos realizados por todo o país ao longo deste ano, no intuito de conscientizar profissionais da área sobre as práticas de Odontologia Sustentável.
Também foi criado o portal www.odontosustentavel.com.br onde serão concentradas informações sobre o trabalho da Força Tarefa Multilateral, composta por várias instituições como Conselho Federal de Odontologia (CFO), Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP), Associação Brasileira de Odontologia (ABO), Associação Brasileira de Cirurgiões Dentistas (ABCD), Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas (APCD), Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos e Odontológicos (ABIMO), Instituto Eventos Ambientais (IEVA), Universidade Federal Fluminense, Universidade de São Paulo e Academia Internacional de Odontologia.
A Agenda de Ações da Força Tarefa Multilateral deve ser publicada em março deste ano. Leia mais sobre o assunto em: www.odontosustentavel.com.br.
Legenda da foto (divulgação): Debatedores do simpósio - da esquerda para a direita - Olimpio Faissol (IAOMT), Francisco Carrera (Instituto de Eventos Ambientais), Leandro Pereira (ANVISA), Diego Pereira (Ministério do Meio Ambiente) e Mario Seben (Apliquim Brasil Recicle)
Fonte:
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